segunda-feira, janeiro 17, 2005

A história...

Já nem sei quando foi ... andava há quase um ano a tentar engravidar e resolvi que era tempo de ir à ginecologista. Análises várias, a mim e ao cara metade, tava tudo bem, ecografias... espermograma ... tudo bem ... achava que era azar! Infertilidade era uma palavra desconhecida! Passam os meses ... a médica manda-me fazer uma Histerosalpingografia (metem um líquido no útero e tiram umas "fotos" a avaliar como ele passa nas trompas), mas o exame era tão agradável que desmaiei e teve que ser repetido, uns meses depois ... agora no hospital. Dessa vez levei o maridão não fosse eu tiltar de novo... e lá fiz o exame (desta vez só vomitei!) . No fim estava zonza mas deu para olhar para o écran e ver que o líquido só passava de um lado. A médica deve ter tido pena de mim e na altura não disse nada... mas na consulta seguinte foi sucinta. Uma trompa estava completamente obstruída e a outra era filiforme. Lindo... eu nem sabia para que serviam as trompas! Nem tinha consciência delas em mim e agora tramavam-me. Deu-me a indicação de um médico especialista no Porto... e disse que eles me indicavam o caminho a seguir.
Aí tive alguma sorte. Numa clínica onde se esperam meses por uma vaga...fui tão chata que consegui consulta para o dia seguinte e descobri que ia ter que fazer fertilização in vitro (FIV) caso quisesse tentar ter filhos. E que cada tratamento eram cerca de 600 contos. Choro... desepero e esperança! O maridão tava comigo em tudo. Nunca senti que me rejeitasse. O casamento saiu-se bem.
Mais análises, demoradas, caras, mais exames esquisitos e muito dinheiro gasto. Em Setembro de 2003 ... muito confiante lá vou eu fazer a minha primeira tentativa de FIV. Tenho que tomar injecções todos os dias ... e dadas as circunstâncias o melhor é ser eu a dá-las ... ok. Nunca me achei capaz. Mas fui. Ecografias regulares... os folículos crescem bem, muitos.... Fazem-me a punção (isto é aspiram os ditos cujos) e obtêm 18 (!) ovócitos. O cara metade dá o esperma e fertilizam-nos em laboratório. Quatro dias depois temos 12 embriões, dos quais 2 são-me transferidos e fico 4 dias de molho, quietinha à espera que eles se aconcheguem. Depois são cerca de 10 dias...10 longos e dolorosos dias até ao exame. Entretanto começo a ter perdas. Choro muito. Chateio os que amo. Depois o choque. Não estou grávida. Demorei muito a recompor-me! Achava que não prestava para nada. Estava vazia e minha vida tinha perdido o sentido.
Mas a esperança é a última a morrer e já fiz mais duas tentativas, uma das quais com embriões crioconservados. E estamos em Janeiro de 2005 e vou começar em breve mais uma tentativa daquela que (digo eu) será a última. Entretanto cresci... mudei as minhas crenças e acima de tudo tornei-me um ser humano melhor, mais tolerante. E já não faço pesquisas na Net. Não quero saber. Aceito.

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